Amor de Bike


(Texto: Itana Mangieri)

Andar de bicicleta é muito bom. Em grupo então, nem se fala ! Não importa o estilo: passeio, montain bike, trilha, downhill, speed ... O legal é conhecer pessoas e ter com quem contar, ligar e se encontrar quando bate aquela vontade de pedalar.
Como em qualquer grupo, tem todos os tipos de personalidades. Mas o que mais me chama a atenção, são os vaidosos. Aqueles que são capazes de qualquer coisa pra não sujar sua bike ou incrementá-la com acessórios de alta tecnologia.
Quem é apaixonado por bike possui uma relação delicada e afetuosa por ela tanto quanto os aficcionados por carros ou motos.
Num dos passeios noturnos urbanos, vinha eu atrás de um grupo prestando atenção no papo sobre os novos acessórios que um colega resolveu incorporar à sua bike. Tudo de mais moderno em tecnologia estava na bike dele: freio a disco, amortecedores “X”, cambio “Y”, selim com gel ... e ciclocomputador com GPS ...  aí eu me impressionei. Pensei logo: ou ele é atleta profissional ou cicloturista ou é novato na cidade e está preocupado em não se perder ... Mas pedalando em grupo ? Bom, mas por precaução e prevenção, vale tudo ! Inclusive fazer “seguro” da bike “incrementada” ou da “profissional” que é o ganha-pão de um atleta. E isso as seguradoras já fazem.
Em competições, é impressionante ver um atleta, após uma queda, ralado, cheio de hematomas, cambaleando, indo de encontro à sua bike pra certificar-se de que ela está bem e quais os danos a serem reparados. Afinal de contas, ela é sua sobrevivência profissional e merece os mesmos cuidados e carinho que o atleta.
Nas trilhas a rival da vaidade é a lama. Ela pode até fazer bem para a cútis do biker, mas não para as engrenagens da bike. Entre subidas e descidas, single tracks, esforços, friozinho na barriga, aventura ... sempre vem a recompensa da natureza: uma cachoeira, um riacho ou uma lagoa. E a tão esperada “refrescada”. Para os vaidosos, primeiro o banho da bike, depois o do biker ! Mesmo que pela frente ainda tenha muita lama pelo caminho.
A relação com uma bike vai além do contato físico e tecnológico. O emocional também conta. Uma nota fiscal não tem o valor de um batismo. Por isso muitos bikers dão nomes às suas “magrelas”.
Se você reparar, vai perceber que a vaidade e o amor pela bike existem em todos os bikers, seja ele discreto ou declaradamente público como um adesivo, uma fitinha do Senhor do Bonfim, um talismã, um acessório especial, uma pintura, bolsinhas, kit de ferramentas, bomba e câmara de ar, óleo lubrificante, etc.
E isso tudo contribui para a segurança, a mecânica, a vida útil da magrela e o prazer do biker em pedalar !
Não importa quem ou como. Importa que quando a gente gosta, a gente cuida !